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16º Festival Internacional de Jazz de Loulé

Cultura

09 de julho 2010

Cartaz com Talking Cows, Bojan Z Tetraband, Géraldine Laurent – Time Out Trio e McCoy Tyner Trio O Festival Internacional de Jazz de Loulé, evento musical e cultural com o carimbo da Casa Cultural de Loulé e o alto patrocínio da Câmara Municipal de Loulé, volta a marcar a agenda do Verão com um cartaz repleto de nomes marcantes do Jazz mundial. A 16ª edição tem início a 17 de Julho com o quarteto holandês Talking Cows a subir ao palco da Cerca, no Convento do Espírito Santo, pelas 22h00. É um conjunto revelação fundado por Robert Jan Vermeulen, pianista reconhecido do Jazz europeu e Frans Vermeerssen, uma referência na improvisação, que se dedica ao Jazz dos anos 50 e 60. O grupo conta ainda com Dion Nijland e Christian Thome, que trazem na bagagem dois álbuns, Bovinity de 2006 e Dairy Tales de 2008, com uma abordagem musical criativa que mistura os anos 50 e o que de melhor se faz no século XXI. No dia 23 de Julho o festival prossegue, com Bojan Z Tetraband, a partir das 22h00, na Praça Duarte Pacheco em Loulé. O célebre pianista nasceu em Belgrado, tendo uma grande influência pela música balcânica. Bojan tem um vasto currículo de participações com os melhores músicos do género musical. Reconhecido com o galardão de melhor músico de Jazz do ano, em 2005, apresenta uma combinação única de piano acústico com eléctrico que, segundo a publicação Guardian, “é uma demonstração do que pode ser a liberdade de expressão”. Géraldine Laurent – Time Out Trio dá continuidade às festividades no dia 30 de Julho, sexta-feira, na Praça Duarte Pacheco também pelas 22h00. A JazzWoman é uma das mais recentes propostas do Jazz francês. Mestre em Musicologia, com influências que recuam até Parker, passando por Ornette, Coltrane ou mesmo Paul Desmond, Géraldine traz consigo uma abordagem musical muito particular. Na sua formação não consta um instrumento harmónico, afirmando mesmo que o que lhe “importa é a linha melódica, o ritmo e o estado de espírito – tudo aquilo que provoca esse estado de loucura controlada.”. A 31 de Julho, termina de forma grandiosa o Festival Internacional de Jazz de Loulé, com McCoy Tyner Trio com Joe Lovano – um concerto do programa ALLGARVE – pelas 22h00, na Praça Duarte Pacheco. Alfred McCoy Tyner é considerado um dos mais influentes pianistas de Jazz do século XX, comparável a Coltrane, com quem tocou e gravou, no saxofone. Nascido em Filadélfia em 1938, dedica-se desde os 13 à música integrando o célebre quarteto de John Coltrane, tendo gravado inúmeros álbuns em nome próprio, nos anos 60, época em que iniciou o seu trio como líder da formação. Joe Lovano, saxofonista post bop jazz, nasceu em Cleveland em 1952 e é dos mestres do Jazz actual. Considerado um dos maiores tenores do saxofone, do mundo, Joe Lovano é reconhecido pela impressão moderna que traz à improvisação. Ao longo da sua carreira tocou com nomes como John Scofield, Bill DeArango e Dave Liebman e Michael Brecker, com quem fundou Saxophone Summit. Programa Sábado - 17 de Julho 22h00 – Talking Cows Cerca do Convento do Espírito Santo Loulé Sexta-Feira – 23 de Julho 22h00 – Bojan Z Tetraband Praça Duarte Pacheco Loulé Sexta-Feira – 30 de Julho 22h00 – Géraldine Laurent – Time Out Trio Praça Duarte Pacheco Loulé Sábado – 31 de Julho 22h00 - McCoy Tyner Trio Praça Duarte Pacheco Loulé Sobre os Artistas (textos de Manuel Soares) Sábado, 17 de Julho, 22 horas Cerca do Convento do Espírito Santo Talking Cows Frans Vermeerssen………saxofone tenor Robert Jan Vermeulen………………..piano Dion Nijland…………………….…contrabaixo Christian Thome……………………..…bateria Talking Cows é um novo quarteto holandês fundado por Robert Jan Vermeulen e Frans Vermeerssen. Vermeulen é um pianista bem conhecido no jazz europeu, não só pela colaboração que tem prestado a muitas formações mainstream, mas também pelo seu interesse pela música de Monk (recordemos o seu magnífico álbum Ugly Beauty – The Music of Thelonious Monk) e Misha Mengelberg. Vermeerssen é uma referência da música improvisada, tendo vindo a dedicar particular atenção ao jazz dos anos 50 e 60 e reflectindo claras influências de Ornette Coleman. Em conjunto, eles são a base deste novo quarteto, já com dois discos gravados: Bovinity, de 2006, e Dairy Tales, de 2008. Para além de intérpretes talentosos, são também compositores dotados que nos oferecem uma abordagem estimulante e criativa da música que, em conjunto com os seus colegas Dion Nijland e Christian Thome, tocam. Os quatro músicos encaram a tradição do jazz com um humor leve e, segundo a crítica, estamos em presença de algo “entre o som dos anos 50 e o espírito do século XXI.” Sexta-feira, 23 de Julho, 22 horas Praça Duarte Pacheco Bojan Z Tetraband Bojan Zulfikarpasic……..piano; Fender Rhodes Josh Roseman……………………………….trombone Ruth Goller………………………………guitarra baixo Sebastian Rochford…………………………...bateria Bojan Zulfikarpasic, mais conhecido como Bojan Z, nasceu em Belgrado, em 1968, numa família muito ligada à música; cresceu a ouvir clássicos como Ravel ou Claude Debussy e começou a tocar piano aos cinco anos de idade. Desde muito jovem que integrou várias formações na cena jazzística de Belgrado, o que lhe valeu, em 1989, o prémio de Melhor Jovem Músico de Jazz da Jugoslávia. Em 1986 estudou com Clare Fisher no Blue Lake Fine Arts Camp, no Michigan. Naturalmente influenciado pela música balcânica, sempre demonstrou um grande interesse pelas múltiplas raízes da música, partindo delas para criar diferentes atmosferas. Como se pode, aliás, constatar pela sua discografia: Quartet, Yopla, Koreni, Solobsession, Transpacifik, Xenophonia e Humus. Diferentes abordagens, uma visão: foi assim que Bojan Z se tornou uma referência no jazz francês, após se ter fixado em Paris em 1988. Tem tocado com músicos como Henri Texier, Scott Colley, Nasheet Waits, Ben Perowsky, Karim Ziad, Kudsi Erguner ou Remi Vignolo. Utiliza uma combinação única do piano acústico com o eléctrico (Fender Rhodes). Graças ao seu trabalho, em 2002 o governo francês honrou-o com o título de Chevalier de l’ Ordre des Arts et des Lettres e, em 2005, recebeu o galardão de Melhor Músico de Jazz do Ano. Em 2008, o respeitável e insuspeito Guardian afirmou: “Isto foi apenas o começo de uma gratificante demonstração do que pode ser a liberdade de expressão.” O que poderemos confirmar neste concerto. Sexta-feira, 30 de Julho, 22 horas Praça Duarte Pacheco Géraldine Laurent – Time Out Trio Géraldine Laurent……….saxofone alto Yoni Zelnik……………………..contrabaixo Laurent Bataille…….……………….bateria Géraldine Laurent é uma das mais estimulantes e recentes revelações do jazz francês. Nascida em Niort, em 1975, começou por fazer estudos clássicos de piano, optando pelo saxofone alto aos treze anos de idade. Estudou com músicos como J. M. Padovani, J.L. Chautemps e Floris Bunik e obteve o seu diploma Jazz DEM, bem assim como o mestrado em Musicologia. As suas influências recuam até Parker, passando por Ornette, Cannonball, Coltrane,Paul Desmond ou Dolphy. Tocou e gravou com vários músicos e em diferentes contextos, de que destacamos, entre outros, Christophe Joneau, Hélene Labarrière, Éric Groleau, Aldo Romano, Charles Bellonzi, e Henri Texier. Em 2006 foi galardoada com o Django d’ Or e, em 2007, decidiu enfrentar o risco de uma formação sem instrumento harmónico, o que deu origem ao Time Out Trio e à gravação homónima – uma verdadeira surpresa para toda a crítica. Géraldine é considerada uma força da natureza que, embora ancorada na tradição do jazz, não abdica de uma abordagem muito própria dos standards, sobretudo os menos divulgados ou, então, de referências superiores, como Fables of Faubus, de Mingus. Atentemos nas suas palavras: “…procuro cada vez mais aqueles momentos em que me deixo levar e me surpreendo por tocar para além daquilo que sei; o que me importa é a linha melódica, o ritmo e o estado de espírito – tudo aquilo que provoca esse estado de loucura controlada.” Eis, pois, uma verdadeira jazzwoman em perfeita interacção como os seus compagnons de route, Yoni Zelnik e Laurent Bataille. Sábado, 31 de Julho, 22 horas Praça Duarte Pacheco CONCERTOALLGARVE McCoy Tyner Trio convidado especial Joe Lovano McCoy Tyner……………………….piano Joe Lovano……… …saxofone tenor Gerald Cannon………….contrabaixo Eric Gravatt…………………..….bateria É sempre difícil dizer algo de novo sobre aqueles de quem já tudo de substantivo foi dito. Apesar disso, algumas notas, necessariamente breves: - Alfred McCoy Tyner nasceu em Filadélfia, em 1938. É o mais velho de três irmãos e começou a estudar piano aos treze anos de idade; dois anos depois, a música passou a ser o foco da sua vida. Entre as suas influências está a de Bud Powell, um vizinho de Filadélfia, e a prova de fogo aconteceu em 1960, quando integrou o lendário Jazztet de Benny Golson e Art Farmer. Logo depois integrou o célebre quarteto de John Coltrane, substituindo Steve Kuhn. Entre 1961 e 1965 sucederam-se as tornées e as gravações do quarteto (Coltrane, Tyner, Garrison e Elvin Jones), entre as quais se destacam os clássicos Live at the Village Vanguard, Ballads, Live at Birdland, Crescent, A Love Supreme e The John Coltrane Quartet Plays. Sob o seu próprio nome, Tyner gravou um grande número de álbuns com enorme influência no meio do jazz, tendo feito parte, igualmente, em grande parte das mais famosas gravações da Blue Note. Em 1966 começou a trabalhar com um novo trio, podendo, finalmente, iniciar a sua carreira como líder. O seu estilo pianístico é facilmente comparável ao de Coltrane no saxofone. No entanto, enquanto membro do grupo de Coltrane, nunca foi obscurecido pelo saxofonista mas, antes, complementado e inspirado pela abordagem despreconceituosa daquele. McCoy Tyner é considerado como um dos mais influentes pianistas de jazz de todo o século XX, um estatuto que ganhou juntamente com Coltrane, mas que tem mantido após a morte do saxofonista.