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Convento da Graça

Raro testemunho da arquitectura medieval e mendicante no Algarve, o Convento da Graça, antigo mosteiro de S. Francisco, foi fundado em Loulé por Franciscanos vindos da Andaluzia, provavelmente entre os anos 1253 e 1267.

O objectivo iminente a esta fundação era a evangelização das populações algarvias, na sua maioria mouriscas e cristãs moçárabes, logo após um período de Reconquista.

No século XVI, os franciscanos claustrais foram extintos e o mosteiro de Loulé passou para a Ordem de Santo Agostinho, começando então a designar-se “da Graça”. Sabe-se hoje que esta mudança não foi pacífica e dividiu a população louletana. Contudo, os Agostinhos acabaram por ficar por vários séculos e a eles se deve o legado barroco que hoje marca a praça, legado este visto na época como uma obra de afirmação e propaganda de uma comunidade religiosa que desagradava ao Estado central, à Câmara Municipal e que dava mostras de grandes debilidades financeiras e institucionais.

O terramoto de 1755 e mais tarde as expropriações dos bens conventuais, 1834, aceleraram a ruína, já então visível, e a transformação do convento nomeadamente nas capelas laterais, que compunham a Igreja conventual.

Invadido por tropas absolutistas e liberais, o seu arquivo foi queimado e o edifício vendido em hasta pública, abandonado e convertido em habitações degradadas. A igreja transformou-se em rua e quintal, acabando a sua capela-mor por ser parcialmente demolida em consequência de um projecto de urbanização.

Podemos concluir que o Convento da Graça possui, até à actualidade, três ciclos de vida que o marcam profundamente: o do Mosteiro Franciscano (1253-1567), o de Convento Agostinho (1568-1834) e o de utilização privada (de 1834 aos dias de hoje).

Considerado Monumento Nacional por Decreto – Lei n.º 9842 de 20 de Junho de 1924, do Convento da Graça resta hoje um grande portal ogival assente em duas colunas, de cada lado, de mármore polido e no ponto de intercessão florões com cachos de pinhas, flores e inúmeros elementos arquitectónicos no interior de casas adossadas ao monumento (colunas, arcos, e outros elementos decorativos).

Algumas peças oriundas do Convento subsistem também na Igreja de São Clemente, nomeadamente as imagens de Santo Agostinho, Nossa Senhora da Graça e Santa Catarina.

Actualmente a edilidade responsável luta por devolver a este Monumento o seu esplendor, nomeadamente com a aquisição do lote que contém parte da capela-mor e transepto e investindo na possível preservação do interior conventual.