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Estação Arqueológica do Cerro da Vila

O Cerro da Vila é uma Estação Arqueológica localizada junto à costa marítima, praticamente no centro geográfico do conjunto turístico de Vilamoura.

Os primeiros vestígios e ruínas foram descobertos em 1963 pelo arqueólogo algarvio José Farrajota, que efectuou as primeiras escavações no local, continuadas posteriormente pelo arqueólogo José Luís de Matos que, durante cerca de 20 anos, procedeu aos principais estudos e deu estampa a vários artigos e publicações sobre o rico património nela existente. As ruínas agora visíveis, com enorme valor arqueológico, vieram dar um significativo contributo para o conhecimento das diversas civilizações que ocuparam o território do Algarve em épocas passadas.

Neste local, ocupado por sucessivas civilizações, nomeadamente Romanos, Visigodos e Árabes, encontram-se testemunhos vivos de povos e gentes que aqui edificaram construções e aqui permaneceram durante nove séculos.

A expansão do Império Romano atingiu o seu auge no século I d.C., abrangendo a ocupação de toda a Bacia Mediterrânica, incluindo o território que é hoje Portugal Continental. O sul foi a zona que sofreu maior influência da romanização. O local hoje denominado de Cerro da Vila foi uma das zonas escolhidas para povoamento pelos romanos, devido à sua localização privilegiada nas margens de uma laguna com ligação próxima e fácil ao mar, que permitia abrigar os barcos nas suas paragens, no decurso das diferentes etapas das suas rotas comerciais, tal como Fenícios e Cartagineses o fizeram anteriormente.

Neste local, tal como em todo o sul da Península Ibérica, a produção em grande escala de garum, uma espécie de conserva de peixe, era uma das principais e mais prósperas actividades económicas dos habitantes. Este produto era exportado para todo o Império Romano e especialmente para Roma, onde era muito apreciado.

A exploração agrícola nos férteis terrenos de aluvião, embora provavelmente com menor importância, bem como o comércio de produtos diversos que se desenvolvia entre as várias cidades portuárias e povoados da região, como Ossonoba (Faro), Balsa (Luz de Tavira), Portus Hannibalis (Portimão) ou Lacobriga (Lagos) e outras do Império justificavam também a significativa importância económica dada à região.

Na Estação Arqueológica podem apreciar-se ruínas de uma Villa (casa de campo luxuosa) que, a avaliar pelas dimensões, vestígios de decoração exuberante e existência de termas particulares, parece ter sido bastante importante. Os vestígios de outras edificações de grandes dimensões destacam-se também no Cerro da Vila, os “Balneários Públicos”. A existência desta estância termal, de grande e complexa estrutura dimensional, é aparentemente injustificável relativamente à dimensão provável do aglomerado hoje conhecido. No entanto, se considerarmos a enorme importância portuária e comercial deste local, poderá admitir-se a existência de construções com estas características, nomeadamente atendendo à importante presença de comerciantes e nautas que passavam pelo porto, e pela Villa, e que deles se serviam.

Para além da Villa e dos “Balneários Públicos”, são hoje conhecidas as estruturas que restaram de duas casas mais pequenas, de armazéns, de alicerces de uma estrutura portuária e de uma torre funerária.

Nas ruínas da Villa é possível identificar, pelo lado Este, uma estrutura arquitectónica com características semelhantes às das típicas Villae romanas de província, com um pórtico e vestíbulos de entrada, um átrio central ou peristylium com um tanque, para onde convergiam todas as dependências da casa, uma sala de refeições, diferentes compartimentos que presumivelmente constituiriam os quartos de habitação, e um balneário próprio com piscinas de água quente, tépida e fria. No lado Sul da casa restam os alicerces de duas torres, para além de vestígios de diversos armazéns. Nos “Balneários Públicos” identificaram-se as estruturas de diversos compartimentos característicos da arquitectura das termas romanas que, embora sobrepostos em épocas diferentes, dão a ideia do estatuto e da importância das famílias ou gentes que ocuparam este edifício. Pode-se supor que estas termas eram abastecidas de água a partir de um grande reservatório situado no ponto mais alto do conjunto arquitectónico que, por sua vez, era alimentado por uma barragem situada a Norte. Possuíam diferentes salas com uma grande sauna, pequenas piscinas de água quente, água tépida e água fria e uma grande piscina comum, para além de uma série de dependências que englobavam os vestiários, zonas de massagem e as fornalhas para aquecimento da água e do ar.A Norte da estação arqueológica situam-se as ruínas de uma casa mais pequena com um pavimento ornamentado com mosaicos, que podem sugerir ter servido de hospedaria a visitantes ou pertencer a alguém com importância na estrutura hierárquica da Administração Romana. Contígua a esta, foram descobertos e identificados vestígios e ruínas de outros conjuntos de casas, presumivelmente menores e mais pobres.No perímetro da Estação são ainda visíveis os alicerces de outras casas, tanques de salga, tanques de tinturaria e troços de canalizações, que restam do que se imagina possa ter sido uma fábrica de “garum” e uma tinturaria.A Nordeste do Cerro da Vila situa-se um importante templo funerário com um columbarium, com nichos onde se colocavam potes (urnas) contendo as cinzas da cremação dos cadáveres dos “senhores” da Villa.Na zona Oeste da Estação foram identificados alguns vestígios do que se supõe possa ter sido a zona portuária que confinava com a zona lagunar, hoje coberta pela vegetação palustre.Horário: 9h30 - 12h30 / 14h00 - 18h00Preço da Entrada: 3 €