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"Acervos musicais e património local: memória e identidade. O caso da Sociedade Filarmónica União Marçal Pacheco", por Maria Clara Assunção

Disperso pelos 308 concelhos de Portugal continental e insular, raras vezes preservado, quase sempre esquecido, o património documental das bandas e das colectividades culturais continua a aguardar estudos sistemáticos. Só nos últimos dez anos têm surgido estudos académicos capazes de conferir alguma consistência à investigação no âmbito das bandas filarmónicas, quer no que diz respeito ao seu papel social e cultural, quer no que respeita ao seu papel educativo na preparação inicial de músicos, muitos deles com posterior actividade profissional, quer ainda no seu valor patrimonial, enquanto correia de transmissão viva, de tradições e vivências locais e identitárias. No entanto, a própria documentação dos arquivos das bandas, enquanto objecto de estudo em si mesmo, continua a ser relegada para segundo plano ou mesmo ignorada. É olhada como mera curiosidade pelos músicos das próprias colectividades, com distanciamento por bibliotecários e arquivistas, por lhes parecerem um domínio hermético de músicos e musicólogos, e com menos apreço por musicólogos, por serem considerados um género de menor importância.

O arquivo musical da Filarmónica União Marçal Pacheco serve-nos, aqui, como estudo de caso e exemplo de como deve ser abordado o tratamento documental deste tipo de acervos musicais.