Site Autárquico Loulé

Folhado de Loulé é candidato às 7 Maravilhas Doces de Portugal®

Folhado de Loulé é candidato às 7 Maravilhas Doces de Portugal®

Turismo

18 de abril 2019

Já são conhecidos os 420 doces candidatos às 7 Maravilhas Doces de Portugal® e o mais representativo do Concelho de Loulé – o Folhado de Loulé – é um deles.

No contexto de 907 candidaturas, a de Loulé foi uma das apuradas e irá disputar a segunda fase de votação do Painel de Especialistas da qual vão resultar 140 doces (7 por distrito ou região autónoma), que os portugueses vão votar nas eliminatórias distritais. Estes 140 doces são revelados a 7 de maio, num programa de televisão a emitir em direto pela RTP1. Este Painel de Especialistas é constituído por 140 personalidades, 7 de cada distrito e regiões autónomas.

Os 140 doces são votados pelo público em 20 programas de daytime, a emitir em direto pela RTP, nos meses de julho e agosto. De cada programa sai um pré-finalista que passa às semifinais.

Uma novidade desta edição é a existência de um Grande Júri, órgão de deliberação constituído por 7 figuras do espaço mediático, que será responsável pela repescagem de 8 candidatos que se irão juntar aos 20 pré-finalistas apurados pelo público, resultando numa lista de 28 pré-finalistas.

Os 28 pré-finalistas são divididos por sorteio pelas duas semifinais, nos dias 24 e 31 de agosto, em dois programas em direto na RTP1, transmitidos em horário nobre. Em cada semifinal são apurados os 7 doces, aqueles que tenham mais votos contabilizados. Nesta fase os 7 elementos do Grande Júri assumem grande preponderância, comentando e provando os doces.

A Gala Finalíssima decorre a 7 de setembro e será transmitida pela RTP1, em horário nobre. Dos 14 finalistas apurados vão ser eleitos 7 doces pelos portugueses como 7 Maravilhas de Portugal®.

Refira-se que a eleição das 7 Maravilhas Doces de Portugal® é a oitava edição realizada desde 2007, com concursos que têm por tema os grandes valores da Identidade Nacional: 7 Maravilhas de Portugal® (Património Histórico), em 2007; 7 Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo® (Património Histórico), em 2009; 7 Maravilhas Naturais de Portugal®, em 2010; 7 Maravilhas da Gastronomia®, em 2011; 7 Maravilhas® – Praias de Portugal, em 2012; 7 Maravilhas de Portugal® – Aldeias, em 2017; 7 Maravilhas à Mesa®, em 2018.

Este projeto conta com o Alto Patrocínio do Presidente da República.

História do Folhado de Loulé

Como conta Luísa Martins, investigadora de História local que se debruçou sobre as origens do Folhado de Loulé, este surgiu

nas primeiras décadas do século XX, fruto de encontros e desencontros de jovens raparigas que trabalhavam em casas das famílias economicamente favorecidas, que adquiriam conhecimentos de culinária, às vezes no Algarve, outras vezes no Alentejo, ou em outras regiões do país.

Duas mulheres foram fundamentais para a história do folhado de Loulé: Lídia da Costa Guerreiro Lopes e Maria Pires. Maria, a tia Bia, foi trabalhar para casa de Lídia Lopes. Terá herdado da mãe o prazer da cozinha e terá aprendido a arte de fazer folhados na Figueira da Foz, próximo de Coimbra, para onde os patrões iam passar férias.

Foi na grande bancada forrada de chapa de latão da cozinha da casa de Lídia Lopes que a tia Bia experimentou o que viria a ser a sua especialidade. Estendeu a massa, dobrou-a e recheou-a, criando a mística à volta dos seus folhados, de sabor único, trabalhados com a calma e a austeridade do rigor laboratorial da boa doçaria. Quando o marido de Lídia, o médico Bernardo Lopes, decidiu abdicar do trabalho da tia Bia, esta não desistiu e, com a ajuda das irmãs, especialmente as tias Paula (que também trabalhou na casa de Lídia Lopes) e Sebastiana ou “Banita”. Esta e Paula amassavam e faziam o creme de ovos. A tia Bia estendia a massa, que era barrada 3 vezes com margarida e à 4ª vez sem ela. Preparados os folhados, levavam-nos a cozer no forno da “Zefita” ou no forno da Rua José Rasquinho. Trabalhava-se pela madrugada para que de manhã, os folhados fossem vendidos. A tia Zezinha também fazia folhados, que cozia no forno da Rua Rasquinho. Geralmente, quem trazia os trazia ainda quentes, e com um odor aconchegante a cozinha familiar, para os principais cafés da vila de Loulé - o Calcinha, o Barreiros, o Avis, o Avenida, o Vitória, o Faz-Tudo e a Franca – eram a tia Teresa e o seu filho, o Zé (o Zézinho). Muitos louletanos ainda se lembram daqueles tabuleiros tapados com panos alvos, a deixarem um rasto de um cheirinho irresistível.

E assim, o café da manhã acompanhado de um folhado passou a fazer parte do quotidiano do contexto urbano da vila, numa dinâmica comercial, económica e financeira que ficou na memória de muitos louletanos.

O Folhado de Loulé foi uma aventura que começou mesmo no coração de Loulé mas que pretende agora estender-se a todo o país.

O renovado Café Calcinha é um dos locais da cidade onde hoje é possível degustar esta iguaria.