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"Compromissos, solidariedades e condutas da governação no Algarve Medieval", por Maria de Fátima Botão

O Arquivo Municipal de Loulé recebeu a 10 de novembro, pelas 15h00, a conferência “Compromissos, solidariedades e condutas de governação no Algarve Medieval”, apresentada por Maria de Fátima Botão.

No Algarve, o universo medieval plasma a vulnerabilidade da existência humana, as privações e as suas fragilidades, na regulação de formas de estar, de interagir e de governar as cidades e os concelhos.

Cada município exarava um conjunto de normas, de forma a assegurar os direitos e os deveres das populações, a segurança, a justiça, o trabalho, as atividades, o lazer, o aprovisionamento, o controlo dos preços, e disputando com entidades extrínsecas, o seu aproveitamento. Num mundo laboral crespo e difícil, não eram raros os constrangimentos colocados pelos compromissos para com a comunidade, a que cada um se via obrigado, de que é exemplo um alfageme louletano, coagido ao transporte e venda de peixe, em 1403, entre outros casos que se poderão referir.

A articulação dos concelhos com os respetivos espaços rurais, e com o nacional a que pertenciam, traçava, por sua vez, os compromissos com as demais estruturas urbanas regionais. Nenhuma podia dispensar a fusão de sinergias para reagir a decisões institucionais, financeiras ou económicas, que lhe feriam direitos e interesses próprios; essa fusão de esforços era sobretudo importante, quando as embarcações que ferravam num ou noutro porto trazendo o elementar cereal, obrigavam, como moeda de troca, a quantias avultadas de figos ou de passas que, individualmente, cada município não tinha como arranjar.

Cooperava-se, assim, em nome de uma ideal “harmonia”, numa rede de partilha e de solidariedade, oportunamente evocada, quando a associação de forças se tornava decisiva.