A 26 de janeiro, sábado, pelas 15h00, o Arquivo Municipal de Loulé recebeu a Conferência “O futuro do nosso passado - Breve reflexão sobre o património”, apresentada por Carlos Pinto.

O valor histórico, o simbólico e o identitário associado ao património edificado impulsionaram o estabelecimento de políticas de salvaguarda, proteção e preservação que o pensamento ocidental tem aprofundado desde o final do século XIX. Do reconhecimento do valor de monumento ao entendimento mais alargado que envolve o objeto singular, os conjuntos edificados e o tecido urbano de suporte, hoje, o conceito patrimonial, ultrapassa a barreira do tangível para incorporar também o reconhecimento dos valores imateriais que constroem a expressão e identidade de uma comunidade.

As quase três décadas de incentivo a um desenvolvimento urbano por expansão, com rentabilidades extraordinárias toleradas, afetaram os investimentos no tecido económico primário e secundário e tiveram uma responsabilidade direta na perda de competitividade das áreas históricas e no seu gradual abandono.

A realidade presente revela-nos um crescimento acelerado de imóveis devolutos, a redução do número de residentes e dos postos de trabalho e a consequente degradação física do edificado numa clara trajetória de perda de significado funcional por desadequação às atuais dinâmicas urbanas e que urge inverter.

A regeneração urbana das áreas históricas é possível e impõe-se hoje como uma necessidade que terá de ser assumida também como um desígnio comum. O processo é um desafio à capacidade dos atores públicos, privados e a comunidade se reinventarem e se comprometerem na implementação de uma estratégia que contribua para o assumir de um novo papel, permitindo que, salvaguardando-se os valores que legam, possibilite o seu contributo e relevância para o desenvolvimento e para a melhoria das condições de vida nas nossas cidades.