‘Nenhum modelo político deve ser sacralizado, por nenhum ser perfeito e não serem imutáveis as circunstâncias em que se tenha revelado como o menos mau. A edição deste livro é um contributo para as pessoas livres debaterem as disfunções que de um modo cada vez mais visível estão a impedir a democracia de realizar alguns dos seus mais importantes ideias. É também um desafio para os que visam aperfeiçoar o seu funcionamento de modo a garantir a liberdade, o progresso social, a dignidade, o desenvolvimento humano.
A maioria das pessoas acredita que a democracia é a única forma justa de governo. Crê que todos temos direito a uma quota igual de poder político. E também que a solução de participação política «um homem, um voto» é boa para nós - dá-nos poder, ajuda-nos a conseguir o que queremos e tende a tornar-nos mais inteligentes, virtuosos e atentos uns aos outros. Mas Brennan considera que essas pessoas estão erradas, argumentando que a democracia deveria ser julgada pelos seus resultados e apresentando abundantes dados empíricos a atestar que aqueles não são bons o suficiente. Tal como os acusados têm direito a um julgamento justo, os cidadãos têm direito a um governo competente.
Mas a democracia é com demasiada frequência o domínio do ignorante e do irracional. Além disso, boa parte da investigação em ciências sociais mostra que a participação política e a deliberação democrática parecem tender cada vez mais frequentemente a tornar as pessoas piores - mais irracionais, tendenciosas e más. Considerando esse quadro sombrio, Brennan argumenta que um sistema de governo diferente - a epistocracia, ou governo dos sábios - pode ser melhor do que a democracia, e que é tempo de refletir seriamente sobre isso. Longe de se tratar de uma diatribe panfletária, esta é uma obra relevante de filosofia política em que se discute, de forma intelectualmente honesta. Cada um dos melhores argumentos a favor da democracia. O resultado é uma crítica séria e uma defesa contemporânea do governo de quem mais sabe, com a resposta aos problemas práticos que tal solução possa levantar.
Uma leitura essencial não apenas para os estudiosos de filosofia e de ciência política, mas também para todos os que consideram que a democracia merece ser discutida.’