“A Idade Média tem má fama. De facto, a este largo período de mais ou menos mil anos, que vai da agonia do Império Romano até à Expansão europeia, estão associadas amiúde as pestes e a fome crónica, a falta de higiene, o fanatismo religioso/inquisitorial e a ignorância, a rudeza e a brutalidade, a guerra endémica, o obscurantismo e a repressão. Mas nem só de sombras se faz a sua História…
A Idade Média portuguesa e europeia é, por essência, cristã e agrícola, feudal e senhorial, árdua e mística, violenta e ordeira. Portugal nasceu de uma sublevação das elites portucalenses contra o reino de Leão, alargando-se tal pulsão autonomista dessas elites para o povo. Depois, alargou-se o território para sul. Daí adveio, contudo, uma particular unidade. Essa foi, de resto, não só uma primeira originalidade, como foi igualmente o dealbar.
A génese e construção de Portugal ocorreria entre as primeiras andanças de D. Afonso Henriques até à conquista definitiva do território, com D. Afonso III. Depois, veio a consolidação de uma identidade com a afirmação de uma língua nacional, de um Estado e de uma cultura própria. Com D. João I, Portugal e a sua gente refez-se. Os Descobrimentos foram a sequência lógica de uma nação que, com a dinastia de Avis, era já pequena nas suas fronteiras.
Como se vivia na Idade Média? Como se amava? O que se vestia e o que se comia (e o que não se podia comer ou vestir)? Como se viajava? O que se fazia em caso de doença? Como se estudava e como se amparavam os desvalidos? Quem mandava? Como se faziam as leis e se aplicava a justiça? Como se rezava e em que é que não se podia acreditar? Que idioma se falava? De que se tinha medo? Qual era o aspeto das vilas e das casas? Como se vivia a dor e o prazer?
Esta é uma viagem à Idade Média portuguesa. Nestas páginas redescobrimos um Portugal aparentemente perdido nas brumas do tempo, mas que pode ser reencontrado em cada esquina das nossas terras mais antigas e em cada recanto da nossa memória coletiva. E de repente, tudo nos parecerá familiar, como se o passado nos entrasse subitamente em casa…
Uma descoberta surpreendente de uma época marcante da nossa História, através de uma linguagem coloquial, mas rigorosa. Uma época considerada tantas vezes tenebrosa, mas que, afinal…”
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