
Esta região faz a fronteira entre o barrocal algarvio e as planícies do Baixo Alentejo. Integrando parte do antigo maciço montanhoso, é composta fundamentalmente por xistos e grauvaques, rochas que originam solos finos e pouco férteis. A Serra do Caldeirão constitui um dos elementos territoriais mais emblemáticos e extensos do interior algarvio, reunindo características biofísicas e culturais únicas na região, encontrando-se o seu ponto mais elevado a 580 m. É revestida por densos matagais mediterrânicos e sobreirais. Nas áreas com relevo mais suave encontram-se pequenas aldeias com pequenas manchas agrícolas associadas, essencialmente de subsistência. Os vales são normalmente ocupados por atividades agrícolas tradicionais, que aproveitam a maior disponibilidade de água das ribeiras.
É uma região fortemente caracterizada pela presença de uma rica biodiversidade, especialmente associada à floresta de sobreiral e ao sub-coberto arbustivo. Os vales férteis e as zonas húmidas onde nascem alguns dos principais cursos de água da região algarvia, bem como do Baixo Alentejo, contribuem igualmente para a existência de uma fauna e flora muito ricas. Estes habitats constituem as áreas de ocorrência de uma numerosa fauna silvestre, com particular destaque para a avifauna. Mais de 150 espécies de aves vivem nesta região, incluindo aves de rapina, corvídeos e numerosos passeriformes.
A relevância ecológica desta região serrana levou à sua integração na lista de Sítios da Rede Natura 2000 como Zona Especial de Conservação (ZEC) (PTCON0057), e como Zona de Proteção Especial para Aves (ZPE). Encontra-se ainda classificada como Zona Importante para Aves (PT051), ao abrigo de um projeto internacional desenvolvido pela BirdLife International e pela SPEA (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves), devido essencialmente à ocorrência de várias aves de rapina, em particular a Águia de Bonelli (Hieraaetus fasciatus), a Águia-cobreira (Circaetus gallicus) e o Bufo-real (Bubo bubo), cujos efetivos reprodutores adquirem especial dimensão nesta zona. Estas são também aquelas que apresentam os estatutos de conservação menos favoráveis, constando por isso na Diretiva Comunitária Aves (79/409/CEE).
Altura do ano: durante todo o ano, sendo a Primavera a época mais atrativa.
Para mais informações, consulte o Guia “Observar Aves no Concelho de Loulé - Roteiro Ornitológico”.