Trata-se de uma sátira escrita no estilo da grande narrativa de viagens, e consiste no relato autobiográfico de um jovem que, detido no quarto durante seis semanas, observa a mobília, os quadros e as decorações como se fossem paisagens de uma terra longínqua. Impossibilitado de abandonar aquelas quatro paredes, Xavier de Maistre enaltece este novo método de viajar: gratuito, circunscrito no espaço, era segundo ele o ideal para pobres, enfermos e preguiçosos. Inspirando-se em Tristram Shandy (que De Maistre muito admirava) e jogando habilmente com a imaginação do leitor, esta Viagem tornou-se rapidamente um clássico da literatura. A sequela Expedição Noturna à Volta do Meu Quarto, incluída nesta edição, encontra o mesmo narrador sozinho num outro quarto e, motivado pela extraordinária jornada anterior, com vontade de viajar novamente. O tempo é limitado, e por isso, em vez de partir pelo quarto fora, De Maistre empreende apenas uma expedição até à janela, onde se dependura para observar uma vizinha de voz cativante. Como o autor espirituosamente nos demonstra, o mais importante numa viagem não é o destino, é o viajante.